Mostrando postagens com marcador Restaurações. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Restaurações. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Restaurações: Zetor 25 A 1957

- Essa história é o exemplo que deveria ser seguido por grande parte dos agricultores do nosso país! Trocando as palavras, nada melhor do que relembrar a memória de infância de um trator com o próprio "resgate" desse trator.


- O personagem da história é um velho conhecido no Brasil: um Zetor 25 A ano 1957. Muitas pessoas que tiveram relação com a agricultura no passado certamente vão se lembrar do "Zetorzinho", nome este em função dele possuir um irmão maior o Zetor 50. Produzido na então Tchecoslováquia, foi importado pelo Brasil desde 1950 até 1960 nas versões "A" e "K" que era a versão de rodas altas e finas. 

- Desde os primeiros modelos até os últimos que vieram ao país, pouca coisa mudou. Alguns detalhes como banco, filtro de ar, eixo dianteiro, cores,  mas o trator em si foi praticamente o mesmo nos 10 anos de venda no Brasil.

- O Zetor da postagem de hoje pertence ao sr. Getúlio Matsumoto, e sua relação com o trator vem de longa data. Entre 1959 e 1960 Getúlio ainda era criança e seu pai comprou um Zetor 25 A para trabalhar na propriedade da família. 

- O trator trabalhou no sítio dos Matsumoto por mais de 10 anos, até que na década de 70 a família adquiriu um trator de porte maior, e o Zetor recebeu sua merecida aposentadoria, ficando por mais uns 15 anos parado no sítio, até que infelizmente teve que ser vendido.

- Getúlio relembra que todos os seus seis irmãos trabalhavam com o trator e inclusive todos aprenderam a dirigir pela primeira vez com o Zetor!  "Como na minha infância e juventude não tínhamos carros, era ele que nos levava até a cidade e também aos bailes e cinema, nos filmes que passavam nas comunidades japonesas na zona rural.  Confesso que é um trator de pequeno porte  mas muito valente, e corre muito. O Zetor me deixou muita saudade, e,  de uns 10 anos para cá, fiquei com desejo de ter novamente um trator Zetor 25,  igual aquela que tínhamos na minha casa. Foi então que decidi que, se encontrasse um, mesmo que em situação precária, iria comprar e restaurar!" conta Getúlio.



- Aí que entra em cena o Zetor das fotos acima, que foi comprado pelo Getúlio na cidade de Álvares Machado-SP, e hoje se encontra nos detalhes finais de uma perfeita restauração feita por um amigo na cidade de Rancharia-SP.  Depois de pronto ele será levado de volta ao sítio da família onde todas as aventuras e memórias com o trator aconteceram! 


- E como o próprio Getúlio finaliza: "Para mim é um sonho que está sendo realizado!". 

- Eu gostaria de completar sua frase e dizer: Você tornou uma memória viva! E deixará para o futuro uma grande obra! De muitos valores, sentimentais, familiares, lembranças boas, muito suor, muito trabalho, e não somente um trator, mas uma grande obra onde todos irão olhar, relembrar, e sorrir pela felicidade de um trabalho bem feito!

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Restaurações: John Deere B 1948

- Esta é a história da reforma do trator John Deere modelo B, ano 1948, que pertence ao sr. Antonio Carlos Canal, de Itaju-SP. Esta restauração é realmente aquelas em que, quando a pessoa vê o antes e o depois, não acredita ser o mesmo trator!

- Esse trator ficou por algum tempo a venda no site mercado livre. Estava na cidade de Pratápolis-MG, e certamente deve ter sido comprado novo e aposentado naquela mesma cidade. Pertencia a um senhor, e após sua morte, o trator ficou de herança para os filhos. Um deles resolveu colocá-lo a venda na internet. Algum tempo depois, o Antonio Carlos viu o anúncio e resolveu ir até Minas Gerais para negociar o trator.



- Na primeira foto acima, o trator no lugar que ficou por longos anos. Na foto seguinte o trator já na rua da cidade de Pratápolis aguardando transporte para o sítio do Antonio Carlos.


- Com a chegada do trator ao sítio, a primeira coisa foi começar a desmontá-lo para ver o que precisava ser feito. Segundo a conclusão do próprio Antonio Carlos, este trator trabalhou até bastante, mas o que o destruiu foi a falta de mecânicos mais experientes e ferramentas adequadas para os consertos. Nota-se que quando o John Deere quebrava, tentavam consertá-lo de qualquer maneira e com qualquer ferramenta, resultando em reparos que geravam mais quebras futuras!

- O que mais estava em desacordo no trator foi a caixa de direção. No lugar dela adaptaram uma outra de automóvel em um serviço muito mal feito. Com muita sorte deu pra recuperar a caixa de direção original e fazer o sistema voltar a funcionar corretamente. No mais, todo o resto resumiu-se a limpeza. Desmontar, limpar e desemgripar. Muitos lugares havia terra, certamente colocada por brincadeiras inocentes de crianças. No hidráulico havia abelhas... No óleo do câmbio e diferencial, muita água e sujeira... 




- O jeito então foi transportar o trator para outro local, e inciar uma limpeza mais severa. Depois de algumas partes já desmontadas e limpas, o câmbio já limpo e fechado, iniciou-se a revisão das partes mecânicas do motor, a começar pelo cabeçote, seguido de uma nova junta, revisão da embreagem, ajustar e limpar os freios e o mais difícil: melhorar o visual do chassis do trator, que estava lotado de soldas mal feitas e amassados.

- Com as partes principais já prontas, a etapa de pintura começou. Após isso, o trator começou a tomar forma novamente. Novos pneus, rodas amarelas, e o John Deere ia renascendo. As latas não estavam boas, o capô foi todo trabalhado pra ficar como novo, a grade dianteira precisou parcialmente ser refeita. Nos finalmentes sempre sobram os pequenos detalhes. Como lembrança o Antonio Carlos manteve o couro original do banco do tratorista!




- Com o trator já praticamente montado, a etapa seguinte foi funcionar o motor e colocá-lo para andar, para  ver o resultado e regular ele por completo. No início o carburador deu um certo trabalho e a embreagem precisou de algumas regulagens até ficar boa também.

- Este John Deere é um modelo diferente dos demais. A maioria dos JD modelo B no Brasil são tratores a querosene. Possuem um tanque maior para o querosene e outro pequeno para a gasolina, pois no frio dava-se partida na gasolina e depois de quente trabalhavam com o trator usando o querosene (mais barato). Mas este modelo em específico é um trator movido somente a gasolina, não possui o tanque de querosene, e o coletor do motor é diferente. E também por ser somente a gasolina desenvolve um pouco a mais de potência que o mesmo trator movido a querosene.

- Depois de pronto andar no John Deere foi o que não faltou, desde ir até Itaju nos domingos, como ir rodando com ele até o encontro de carros antigos da cidade de Bariri-SP.



- Ainda faltam detalhes como os paralamas, hidráulicos, engate para puxar o arado John Deere de duas aivecas, entre outros. Mas o mais importante é que o trator já está totalmente pronto, andando e funcionando perfeitamente. Vendo a primeira foto desta postagem é impossível dizer ser o mesmo trator desta última foto abaixo!


terça-feira, 2 de outubro de 2012

Restaurações: Lanz Bulldog D8506 35 PS 1951


- A história desse trator se resume bem naquele velho ditado que diz: "O que é do homem, o lobo não come!", ou trocando em outras palavras, quando alguma coisa tiver que ser sua, ela será!

- O primeiro conhecimento que tive sobre este Lanz Bulldog foi no ano de 2008. Eu estava navegando pela internet quando o vi sendo sendo leiloado no site Superbid.com.br. Na hora a vontade de comprar toma conta, mas diversos fatores "contra" vão colocando nosso pé no chão. O trator estava em Rio Brilhante - MS, distante uns 800 kilometros só de ida aqui de minha cidade, sem contar o preço elevado dos lances já feitos.

- Mas fora isso, mesmo as fotos da página do leilão sendo pequenas, via-se que o trator estava completo, e  que não era um trator destruído pelos anos de trabalho. As latas estavam inteiras, paralamas, parabrisa, etc. Parecia ter trabalhado pouco em relação a inúmeros outros tratores, e como estava pintado, certamente devia estar exposto em algum jardim de fazenda.


- Lembro de ter acompanhado o leilão, se não estiver enganado aparecia até a cidade das pessoas que deram lances. Mas o leilão encerrou e não vi quem foi o comprador. Para minha surpresa, algum tempo depois, o mesmo trator Lanz novamente sendo leiloado. Algum problema deveria ter ocorrido no leilão inicial, mas novamente lances de valor alto e eu sem dinheiro!

- Passado um ano ou até menos, em alguma de minhas visitas ao amigo Osires em Piracicaba-SP (protagonista das Histórias com os tratores Ursus), ao passar em frente a uma empresa de comércio de tratores usados, vejo em frente ao prédio o mesmo trator Lanz azul do leilão de Rio Brilhante-MS. Na hora já pensei, são eles os ganhadores do leilão! Passaram mais alguns meses, e mais umas duas ou três vezes passei em frente ao Lanz sempre aos sábados de tarde ou domingos, estando a empresa sempre fechada.

- No início de 2010, fui até Piracicaba devido alguns compromissos e lembrando que a loja de tratores estaria aberta parei para ver o já conhecido Lanz Bulldog de perto. Cheguei a conclusão que era mesmo um trator que estava de enfeite em alguma fazenda, por dentro era pura ferrugem, o motor estava travado, mas por fora pintaram ele e colocaram pneus novos. Do mesmo jeito que ele chegou de Rio Brilhante-MS em Piracicaba-SP, lá ele ficou por pouco mais de dois anos no pátio da empresa. Depois de ver o trator pessoalmente, tentei comprá-lo do atual proprietário, mas sem sucesso. Lembro que nos anos seguintes  ainda passei mais algumas vezes em frente a empresa onde ele estava. 


- No início de 2011 comprei um outro trator Lanz Bulldog. Este trator hoje pertence a um amigo de Guarapuava-PR. Depois de ter comprado esse trator, um amigo me avisou que o senhor de Piracicaba iria  vender o Lanz Bulldog azul do leilão. Liguei pra ele novamente e acabamos por fechar negócio. Só que para a compra do Lanz azul de Rio Brilhante, precisei vender o Lanz Bulldog que já havia comprado, e foi assim que este trator veio parar em minhas mãos e o outro Lanz foi para o estado do Paraná, na colônia de Entre Rios.

- Após comprá-lo e trazê-lo para minha cidade em Março de 2011, coloquei pneus velhos para deixar o trator em pé e comecei a reforma alguns meses depois. O foco principal seria o motor que estava travado, então de início desmontamos toda a parte do motor, para tentar tirar o pistão que estava preso na camisa. Por sorte, mesmo com muita ferrugem, conseguimos tirar o pistão, lixar a camisa, limpar os anéis e funcionar o motor. As únicas peças que estragaram com a entrada de água no motor foram os rolamentos do virabrequim, que foram substituídos por dois novinhos, mesmos rolamentos do caminhão antigo Alfa Romeo.


- Fora isso, todo o restante da reforma foi basicamente, desmontar, tirar a ferrugem, limpar, engraxar, soldar, desemgripar, etc etc etc. A parte de câmbio estava tudo em ordem e nova, nota-se que era mesmo um trator pouco trabalhado. Na embreagem foram trocados os materiais dos discos. Na verdade comprei dois discos da embreagem do caminhão Scania, torneamos os pedaços e adaptamos na embreagem do trator.


- Antes de começar a montar as partes do motor resolvi fazer o jateamento do trator inteiro, porque havia muita ferrugem com uma camada grossa de tinta azul em cima. Depois de pronta as partes do motor, funcionamos ele em meados de outubro de 2011. Apenas o motor. Em janeiro deste ano trouxe o trator até minha casa onde finalizei ele por inteiro. Limpei cubos dianteiros, freios e cubos traseiros, sempre trocando algum retentor ou rolamento que fosse necessário.




- Todas as latas do trator também foram para o jateamento e logo após pintadas por um amigo funileiro. A pintura foi iniciada na oficina onde montamos o motor, e depois terminei de pintá-lo em casa. Mais alguns meses para montar as latas, para-lamas, banco, para-brisas, e novamente jatear as rodas que deixei por ultimo, e que após pintadas, receberam pneus novos para finalizar a reforma.



- Acabei finalizando o trator e andando com ele no mês de setembro de 2012. Nunca imaginava que aquele trator que vi a venda no leilão na internet, acabaria vindo parar aqui perto na cidade de Piracicaba, e depois que eu mesmo acabaria comprando-o e fazendo ele funcionar perfeitamente!


- No mês de Julho de 2012 fui viajar para Maracaju-MS, conhecer pessoalmente o amigo colecionador Henricus, e o museu ASCOMAR de Máquinas Agrícolas Antigas daquela cidade. Por coincidência dois amigos de Maracaju conheciam este trator e na brincadeira ficaram até bravos que o tirei de perto deles, mas sabem que não fui eu, o próprio destino foi quem fez valer o ditado que citei no início da postagem.

- O mais interessante foi que o sr. Henricus possuía algumas fotos de quando ele mesmo foi ver este Lanz Bulldog na cidade de Rio Brilhante - MS. Uma das fotos é a primeira foto desta postagem, e confirmam o que eu já imaginava. Este trator pertencia a uma antiga fazenda que foi vendida para o grupo multinacional Louis Dreifus. Este grupo leiloou todo o maquinário existente na fazenda, inclusive o trator-enfeite Lanz. De lá pra cá, toda a história eu já contei!

- Todas as fotos da reforma, que seguem uma sequência de datas, podem ser vistas aqui:  https://picasaweb.google.com/110409315516863575593/LanzBulldogD850635PS1951

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Restaurações: Ursus C-451 1959

- Sempre costumo dizer que a diversidade dos tratores antigamente variava de acordo com a região, ou seja, em determinadas cidades e regiões do estado eram vistos tratores de marcas em que outras localidades nem chegaram a ser conhecidos. Isso pode ter inúmeras razões e não desejo discutir isso agora.

-  Mas em minha cidade Itápolis não foi diferente. No final da década de 50, mais precisamente no ano de 1959, a cidade presenciou a chegada de vários tratores Ursus que foram comprados por agricultores da cidade. Só que neste caso tenho uma explicação: o senhor "Stanislau", cujo nome correto era: Mecislovas Knistautas, imigrante europeu, vindo da Lituânia e quem tinha o contato com o revendedor destes tratores na capital. Foi ele o responsável por trazer estes tratores e por algum tempo dar manutenção nos mesmos. Até onde contei vieram para Itápolis uns dez ou doze tratores Ursus, marcando com muitas histórias a memória das pessoas da época.


- A história deste trator Ursus começa com a sua compra por uma grande fazenda e engenho de pinga de minha cidade que na ocasião comprou por volta de cinco tratores deste modelo. Após anos de trabalhos diversos (provavelmente 10 anos), o sr. Tito, conhecido mecânico da cidade, comprou todos os tratores Ursus desta fazenda. Ele desmanchou alguns, arrumou outros, usou alguns para trabalhos em sua propriedade, até quando lá pelo final dos anos 60, vendeu um destes tratores para meu avô, pai de minha mãe. Este meu avô ficou com o trator por pouco tempo, talvez um ano, e por coincidência o vendeu para meu outro avô, pai de meu pai. 


- Já em posse de meu avô paterno, o trator Ursus foi usado por meu tio para diversos trabalhos na fazenda, até que no ano de 1975 meu avô comprou um Massey Ferguson 65x novo e o Ursus foi aposentado de vez. Talvez por ser um trator velho, talvez por ter a partida muito complicada perto do simples virar de chave dos outros tratores, mas devagar todos os tratores Ursus da cidade foram desaparecendo, uns viraram sucata, outros foram vendidos para longe para trabalhar mais um pouco, e por sorte este trator, de número de série 14029, resistiu a todas as ameaças de venda, e ficou esquecido na fazenda.


- Foi em 1998 quando meu pai resolveu reformar o Ursus. Como eu tinha na época 12 anos não participei muito do acontecimento, que para minha sorte acabou não se concretizando por inteiro. Meu pai apenas colocou pneus usados no velho Ursus o colocou no caminhão e trouxe para a cidade na oficina do antigo mecânico, segundo proprietário do Ursus, o sr. Tito. O trator acabou ficando encostado na oficina por vários anos, até que em 2007 herdei ele da família e comecei a reformá-lo.

- Os tratores Ursus modelos C-45 e C-451 são cópias fiéis do trator alemão Lanz Bulldog modelo 9506 de 45 cavalos. Ele foi fabricado na polônia pela empresa Ursus que fabrica tratores até hoje. Começaram a ser fabricados após a segunda guerra mundial, e a versão C-451 (que foi importada pelo Brasil) é o mesmo trator da primeira versão porém com alguns melhoramentos. Estes tratores, Ursus e Lanz, assim como Landini e alguns outros modelos, tem um motor diferente dos tratores convencionais. Possuem um motor dois tempos a diesel de baixa rotação, movidos por somente um pistão bem grande, geralmente com mais de 10.000 cilindradas, e em média 45 cavalos de potência.



- A reforma se iniciou em janeiro de 2007 e foi terminar completamente em abril de 2008 com o trator andando perfeitamente. Após longos anos de trabalho muita coisa era necessária ser feita no trator, e começamos abrindo o motor para ver o que precisava ser feito. Estes tratores tinham uma tampa para ser colocada no escapamento quando não estivessem trabalhando, e esta tampa que certamente salvou o motor de maiores danos e ferrugem. Por ficar tampado o motor parou lubrificado e não estava travado. Foi necessária uma nova bronzina, que foi feita no torno pelo mecânico Valentim através de uma peça de bronze, e o virabrequim recebeu um passe para ficar liso novamente.




- A partir dai começou a montagem. Uma bomba de óleo foi comprada em Carazinho - RS, e um tanque novo foi feito aproveitando as bocas originais. No restante foram trocados a maioria dos retentores, feito uma limpeza geral, trocados os encanamentos de óleo (por ser um motor dois tempos ele não tem carter, apenas um tanque de óleo com uma bomba que manda óleo nos principais rolamentos e partes do motor).

- Foram refeitas e embuchadas diversas partes, eixos, terminais de direção, entre outros. A embreagem foi refeita, assim como foram trocadas as lonas de freio e o freio de mão. No câmbio nada foi feito, apenas a troca dos retentores de roda, limpeza e troca do óleo.



- Finalmente após todos os detalhes acertados, em abril de 2008 o trator estava rodando como novo! As fotos da reforma podem ser vistas aqui: https://picasaweb.google.com/TratoresAntigos/URSUS# e alguns vídeos do trator podem ser vistos em meu canal no youtube: http://www.youtube.com/user/lucassburn 

- Voltando ao início da postagem... apesar de conhecer alguns modelos deste trator pelo Brasil, alguns funcionando, outros apenas peças de museu, eu desconheço o número total de tratores Ursus modelo C-451 que foram importados na época. No início desconhecia o real importador desses tratores até que um tempo atrás ganhei de presente do amigo Luiz Andrade de Barretos o manual original do Ursus traduzido para a língua portuguesa. Era editado pela empresa PANOBRA S.A. que era a importadora desses tratores para o estado de São Paulo.

- Existiram também alguns modelos de Ursus anteriores ao ano de 1959. Eram os mesmos tratores, porém mais antigos e com algumas diferenças como eixo dianteiro e ausência de hidráulico, mas acredito poderem ser modelos importados particularmente pelos agricultores na época que tinham contatos na europa. Os modelos C-451 vendidos e que trabalharam no estado de São Paulo eram todos ano 1959.





quarta-feira, 27 de abril de 2011

Restaurações: Hanomag R35 - 1956

- Nesta postagem iremos resgatar mais uma bela história. Desta vez o personagem principal é o trator Hanomag R35 de 1956, que foi herdado da família e restaurado pelo amigo Carlos, sendo ele um trator "único dono".


- A história deste Hanomag começa no ano de 1956, quando foi comprado novo, pelo avô do Carlos, na empresa Heitor Machado Campos, em Limeira - SP. Este foi o terceiro dos tratores Hanomag adiquiridos por ele, sendo o primeiro um R28 de 1951 e o segundo um R35 de 1954. O Hanomag R28 também foi resgatado pelo Carlos e certamente contaremos a história dele aqui no blog mais para frente. Já o outro Hanomag R35 se perdeu com o tempo e acabou sendo sucateado, servindo como doador de algumas peças para este R35.

- Segundo o próprio Carlos, a ligação entre seu avô e marca Hanomag é de longa data. A cidade natal de seu avô na Alemanha é Niederhone, e de sua avó é Ronnenberg, ambas cidades ficam na região de Hannover que é uma importante cidade no centro da Alemanha, e sede da fábrica da Hanomag. Além de que, o pai de Carlos e seus tios, quando crianças, morarem em Weetzen, cidade que fica a poucos kilometros de Hannover. E também, um primo da família trabalhou na fábrica da Hanomag como contador... Certamente esses fatores influenciaram a compra de três tratores Hanomag pelo seu avô.



- O Hanomag era usado para o cultivo da laranja e do café. Pulverizava, adubava, arava, gradeava e puxava carretas carregadas com a colheita. Com o tempo, essas culturas foram substituídas pela cana de açúcar, e os Hanomag foram sendo "encostados". Na década de 90 o tio de Carlos adquiriu um trator Valmet novo, e já que o Hanomag R35 estava queimando muito óleo lubrificante, decidiu já não ser mais viável o conserto e revisão dos tratores antigos.

- Estes Hanomag modelo R35 foram tratores muito robustos e também que muito colaboraram com os agricultores por todo o Brasil. Eram tratores de porte médio, equipados com um motor de 4 cilindros a diesel, com potência de 35 cavalos a 1900 RPM. Possuia bomba injetora Bosch, câmbio de 5 marchas, e apresentava um peso de 1760 kgs sem lastro. Apresentava também hidráulico de três pontos, polia, e completo sistema elétrico 12V composto por faróis, lanternas traseiras, painel, tomada traseira e aquecedor para partida.


- Em janeiro de 2008 a história desse trator começa a mudar. Carlos o herdou como herança de família e foi buscá-lo no sítio para iniciar uma reforma completa! Do sítio o Hanomag foi direto para a oficina mecânica de um velho conhecido: o Chicão, que foi o mecânico do Hanomag sempre que o avô do Carlos precisou.  Na oficina iniciou-se a "operação" para que o tratorzinho voltasse a vida. E não foram poucos os esforços dos mecânicos Chicão e Rone.


- Em resumo foram trocados, camisa e pistões, embreagem, bomba d’água, freios, dínamo e válvulas de escape. O mais grave foi o motor, pois havia pistão com anéis quebrados, camisa muito riscada, e válvulas já muito finas pela longa vida de trabalho. Por sorte o Carlos depois de receber algumas dicas conseguiu comprar em São Paulo na Abreu peças um kit para o motor novinho em folha! Sem contar as inúmeras "garimpadas" em ferro-vellho e oficinas atrás de peças e informações.




- A parte de funilaria foi também toda refeita e os detalhes não passaram despercebidos. Tudo liso e original para o serviço de pintura que foi feito pelo próprio Carlos! Após a pintura pronta foi hora de acertar os detalhes e levar o trator para a sua nova casa.

- Finalizando, como o próprio Carlos disse: "Ele está agora recuperado e espero que traga alegria para a família, e que também seja motivo de atração de visitas dos amigos, do mesmo modo que foi para a minha geração, pois aos domingos a família se encontrava no sitio para almoço e o passeio de trator era obrigatório. Uma coisa parece certa, este vai existir por alguns séculos!" 



  

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Restaurações: MAN Ackerdiesel C-40 1956

- Depois do Hanomag R45 e do Lanz Bulldog, vou mostrar a reforma do trator MAN modelo C-40 do ano de 1956, reformado neste ano de 2010. Este é um trator alemão com motor de quatro cilindros a diesel, e possui o diferencial de ter tração nas quatro rodas o que destacava o trator dos demais, principalmente na década de 50.


- Este trator foi comprado na revenda Agromotor S.A. em São Paulo, certamente no ano de 1956, por um agricultor da cidade de Pindamonhangaba-SP, dono de uma fazenda que produzia arroz. Tanto que o trator MAN foi comprado justamente para isso: por possuir tração 4x4 seria usado para arrastar as carretas no banhado de arroz. O trator funcinou, porém o que não funcionavam eram as carretas que após carregadas afundavam na lama, e somente anos mais tarde começaram a aparecer os pneus apropriados para este tipo de solo, segundo contou-me o dono da fazenda. O trator também foi muito usado parado tocando uma trilhadeira de arroz através da polia do trator e correia.

- O primeiro passo na reforma do trator foi abrir o motor pois ele não estava funcionando. Após aberto, as camisas do cilindro foram trocadas, assim como novos anéis do pistão. Os pistões foram mantidos os originais. Foram refeitos também os bicos injetores e a bomba injetora ambos Bosch. No resto o trator estava bem inteiro, só necessitando troca de alguns rolamentos e retentores e pequenos reparos.

- Depois de pronto e funcionando foi hora de revisar a parte elétrica e após tudo pronto, desmontá-lo parcialmente para pintura. Antes de pintar, grande parte das peças foram jateadas para eliminar ferrugem e várias camadas de tinta antiga. A cor verde com detalhes brancas foi feita conforme os tratores originais. O trator ganhou também dois pneus dianteiros com desenho de tração usados porém em bom estado, que são difíceis de encontrar na medida original aro 20.