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quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Restaurações: Lanz Bulldog D-8506 1938

- Esta é a bonita história de um trator Lanz Bulldog 1938 - D 8506 - 35 PS, pertencente ao amigo Rodolfo de Tapiratiba-SP.


- Este Lanz Bulldog foi adquirido em julho de 1938 no representante Bromberg de São Paulo. Na época, os tratores vinham acompanhados de uma série de implementos, e com este Lanz não foi diferente. O trator veio com 2 carretas de quatro rodas, com feixe de molas e cabeçalho alto que engatava no engate superior do trator. Estas carretas eram próprias para transporte de 5 toneladas de cana. Acompanharam também o trator um arado de arrasto de 3 discos e uma grade niveladora de 20 discos que já não existem faz bem tempo, segundo o Rodolfo.

- Conta-se que naquela época não havia operador qualificado para trabalhar com o trator, por isso ensinavam um carroceiro de qualquer forma, passando a ele os conceitos básicos e logo ele já estava trabalhando na máquina, resultando em um trator que estava sempre quebrado. Como resultado disso também, o escapamento e o filtro de ar deste Lanz ainda tem sinais de amassados de capotamentos com as pesadas carretas de cana.

- A história do Rodolfo com o trator Lanz começa muito antes do próprio trator, lá na Europa. Seu pai era polonês e viveu na Alemanha como prisioneiro na 2º guerra, e depois, no pós guerra até 1951 quando veio então para o Brasil. Na Alemanha, seu pai trabalhou como mecânico e tratorista dos Lanz Bulldog, que eram os tratores símbolo daquela nação no pós-guerra. Na vinda para o Brasil, seus pais vieram juntos com o patrão da alemanha para uma fazenda em Igaraí, que os alemães haviam comprado para fornecer cana para a usina de Tapiratiba.

- Logo os donos do Lanz Bulldog souberam que na fazenda que fornecia cana a eles havia um senhor que entendia dos tratores Lanz. Assim, sempre o buscavam na fazenda vizinha para consertar o trator que vivia quebrado, até que em 1958, o pai de Rodolfo aceitou o convite para trabalhar na usina como mecânico de tratores e máquinas onde trabalhou até sua aposentadoria.

- O Lanz trabalhou até meados da década de 80, pois não era mais viável sua atividade. Ficava encostado e somente o Rodolfo que o funcionava de vez em quando. Em 2001 o trator estava em um lote de tratores desativados para serem vendidos, e então, foi quando o Rodolfo contou para o diretor da usina que ele estava prestes a se aposentar e gostaria de levar o trator Lanz com ele. Em consideração a seu pai e a ele que sempre cuidavam do trator, Rodolfo ganhou o trator em 21 de abril de 2001 e trouxe o trator para Tapiratiba rodando, mesmo com o tanque de combustível furado.

- Na reforma do trator, foi confeccionada outra bronzina da biela, trocadas as lonas de freio, trocados os pneus e o trator recebeu uma nova pintura nas cores originais. Para funcioná-lo ainda é usado o maçarico original do trator que esquenta o enorme cabeçote. Após algumas viradas no volante encaixado no virabrequim o Lanz já está em movimento, e a vizinhança já sabe que o Rodolfo vai dar umas voltas!








sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Restaurações: Hanomag R45 - 1951

- Retirei estas fotos do blog Tratores Antigos de Entre Rios da cidade de Guarapuava - PR. São fotos do antes e depois da reforma de um trator Hanomag modelo R 45 ano 1951. O estado do trator antes da reforma e a falta de algumas peças fizeram desta reforma um desafio, mas o resultado final ficou perfeito, como podemos ver nas fotos. Parabéns ao pessoal de Entre Rios!




- Este trator Hanomag R45 foi comprado inicialmente na cidade de Inácio Martins - PR pelo atual dono, o sr. Alfred, em março desse ano. O trator estava na Serraria Bazia Floresta, onde trabalhava no tempo da serra fita tocada por trator e, em 1985, o Hanomag foi encostado por problemas no motor.

- Por volta de 25 anos se passaram até que ele foi adquirido pelo atual dono. Encontrava-se em um estado muito precário e com varias peças faltando, algumas de dificil reposição como o cabeçote, comando de válvulas, pistões e camisas.

- Como o sr. Alfred sempre desejou ter um Hanomag R45, pelo fato de sua familia ter tido um igual a uns 30 anos atrás, ele começou a procurar um para compra. Na colonia de Entre Rios e região existiram cerca de 50 tratores Hanomag R45, e, ele achou que a procura seria fácil. Porém vários meses se passaram e a procura se tornou cada vez mais dificil, quase que rara, até que juntando informações de várias partes do Paraná, descobriu-se o Hanomag R45 de Inácio Martins da antiga serraria.

- Vários dias de negociação até que se concretizou a compra e mais de sete meses de reforma bem complicada para se achar as peças que faltavam. Por sorte o dono da serraria tinha mais dois tratores de esteira Hanomag K55 abandonadas, as quais tem o mesmo motor do Hanomag R45, e de onde foi adquirido o cabeçote e o comando de válvulas. Os pistões e as camisas foram comprados de uma antiga oficina de Guarapuava.

- Todo o trabalho de restauração, retifica do motor, pintura, etc, do Hanomag R45 foi feito no barracão da casa do sr. Alfred, e hoje ele encontra-se todo reformado, com a bomba injetora original marca Hanomag Diesel e com todos os itens de série funcionando, como o bloqueio do diferencial, a polia, tudo em perfeito estado de funcionamento.

- O vídeo da reforma do trator pode ser visto em: http://www.youtube.com/watch?v=woMSs57PxH0

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Restaurações: Arado John Deere 202H Two Way Plow

- Resolvi contar sobre a reforma deste arado pois acredito que muitas pessoas não imaginam o trabalho que é necesário para se reformarem certas peças, tratores, carros... enfim, a enorme diferença entre o estado em que se encontravam e o resultado final do trabalho.
- No mês de outubro de 2009, eu comprei e fui buscar numa fazenda em Pindamonhangaba-Sp um arado antigo da marca John Deere. Na realidade, eu havia visto o arado meses antes quando fui até a fazenda, buscar dois tratores, mas esta é outra história.
- Ao comentar com um amigo sobre o arado e mostrar a ele algumas fotos, ele me sugeriu que poderiamos trazer o arado desmontado em uma caminhonete. Então após negociar com o dono, fomos buscar o arado.


- Quando vi o arado imaginei ser da marca John Deere pelas aivecas e pelas rodas e também porque um senhor amigo dos donos da fazenda, e que ajudou a desmontar e carregar, contou que este arado era puxado por um tratorzinho de esteira John Deere MC na fazenda.
- Quando começamos a desmontar o arado, para minha surpresa encontrei os escritos John Deere, e também o escrito do modelo do arado: 202 H Two Way. O arado estava bem enferrujado, mas era possível ver restos da cor verde e do amarelo (quase branco) das rodas e escritos. Outra coisa boa foram as porcas quadradas do arado que soltavam facilmente, não sendo necessário usar muita força ou cortá-las com maçarico.



- Antes de descarregar o arado, pesei a carga total que trouxemos. O resultado foi 1200 kgs na caminhonete, incluindo o arado, ferramentas, rodas e pesos de lastro de um trator.


- Ao iniciar a "reforma" resolvi levar o arado para o jateamento completo, o que depois de feito, vi que colaborou muito para que o serviço final ficasse bem feito. Antes de jateá-lo também tirei fotos dos escritos da marca e modelo do arado com uma régua para poder reproduzir na mesma medida os escritos.
- Por sorte também, encotrei na loja de tintas o catálogo com as cores verde e amarelo da John Deere que deixaram a pintura ainda mais original.






- Para reproduzir os escritos como os originais, mandei fazer adesivos vazados, que funcionavam como formas para a pintura de amarelo. Aqui uma curiosidade. O rapaz da gráfica para reproduzir o veado do símbolo da JD no adesivo se enganou e usou o símbolo usado pela JD após o ano 2000. Fui notar isso somente após postar as fotos da reforma em um fórum e um rapaz perguntar porque troquei o símbolo da John Deere antigo pelo novo.
- Nas rodas, optei por cortar dois pneus e colocar a borracha nas rodas de ferro, pois iria arrastar o arado no asfalto e cimento.





- Depois de pesquisar na Internet descobri ser este arado um modelo 202H Two Way, ou seja, de ida e volta. Seria o mesmo que um arado reversível, porém este arado tem quatro aivecas e trabalha com somente duas. Ao retornar, ergue-se as duas de um lado e abaixa-se as outras aivecas e retorna-se na mesma linha. Ele tem um pistão hidráulico, o que era meio difícil de ser ver naquela época (início dos anos 50) em implementos, principalmente aqui no Brasil.


- Falando em pistão hidráulico, para consertá-lo foi outra novela. O pistão ainda tinha óleo dentro, porém como a haste do pistão ficou esticada, ela enferrujou. Mandei o pistão para uma empresa especializada neste serviço, e para minha surpresa o preço para deixar o pistão funcionando era maior do que o que paguei pelo arado. Resolvi por hora deixar o pistão de lado, mas por sorte um mecânico me ajudou dizendo ser necessário somente uma haste nova, que me custou 180 reais, o resto ele se propôs a arrumar.
- Para arrumar o pistão apenas "calçamos" os reparos do pistão que já estavam gastos, e colocamos a haste nova. Após isso comprei duas mangueiras novas e engates rápidos atuais, pois os do arado eram diferentes e exclusivos dos JD antigo. Finalizando então, o conserto do pistão com a haste nova e as mangueiras, acabou por custar mesmo mais do que paguei pelo arado. Mas valeu a pena.







- Após tudo finalizado e o arado montado foi hora de acertar os detalhes finais. Comprei novas molas bem parecidas com as originais e troquei os bicos de engraxar por novos.
- Infelizmente ficou faltando um disco de corte, que ele não tinha, e alguma peça do sistema de desarme automático do arado.
- Ainda não coloquei o arado para "trabalhar", talvez nem o coloque, mesmo que apenas como curiosidade.

- Todas as fotos da reforma do arado podem ser conferidas em: http://picasaweb.google.com.br/TratoresAntigos/AradoJohnDeere02