sexta-feira, 31 de outubro de 2014

História: Primeiros tratores Brasileiros: TMO Formiga - Parte III

- Continuando a resgatar a belíssima história da companhia OLSEN e os tratores TMO, desta vez coloco aqui informações que foram gentilmente enviadas pelo sr. Carlos Olsen, filho do sr. Oswaldo, o grande idealizador dos tratores TMO.

- Um resumo da vida do sr. Oswaldo:

"De origem norueguesa, natural de Três Barras - SC, Oswaldo Olsen nasceu em quatro de setembro de 1918. Seus pais, Eduardo e Anna Olsen, lutaram com ingentes dificuldades para sustentar uma prole de 12 filhos. Aos nove anos de idade, Oswaldo iniciou sua vida de trabalho. Para ajudar a família vendia frutas e legumes que transportava em uma carrocinha. Já nesta tenra idade, seu espírito inventivo e de iniciativa começou a se manifestar. Tinha só dez anos quando começou a fabricar carrinhos com rodas de madeira e eixos de ferro, cuja venda possibilitava melhores condições de sobrevivência para a numerosa família. A par de sua capacidade inventiva, manifestava-se também o pendor para a música e com relativa facilidade, aprendeu acordeon e piano. Com 16 anos, já participava de um conjunto local, o que viria aumentar seus rendimentos. Sua curiosidade e seu interesse pela mecânica o levaram a um aprendizado prático em oficinas e não raro, apesar da pouca idade, era surpreendido a dirigir as pesadas locomotivas (de 50 a 60 toneladas), da Companhia Lumber. Mal tinha completado 15 anos e já era profissional, consertando tratores das marcas Fordson e Caterpillar. Tomou gosto pelas máquinas que passaram a constituir sua primeira paixão. As observações e o interesse que tinha pelas máquinas de madeireira Lumber, principalmente os guinchos, plantaram em sua mente de criança, as idéias que mais tarde iria por em prática, ao construir suas próprias máquinas. Seu primeiro guincho, fabricado em 1944, existe até hoje, em perfeito funcionamento. Em 1942, deixou sua cidade natal mudando-se para Caçador, onde ao lado de seu primo Wigando Olsen, iniciou a fabricação de aparelhos a gasogênio, instalando a IMBERT, primeira indústria metalúrgica da localidade. A partir de 1956 passou a dedicar sua atenção ao fabrico de tratores de esteiras, fundando em 1962 a Companhia Olsen de Tratores Agro-Industriais. Exatamente às 09:30 horas do dia quatro de setembro, data e hora do nascimento do Sr. Olsen, seu primeiro trator começava a "engatinhar", coisa que só o destino sabe explicar. Em entrevista a um jornal local, Olsen declarou: "Meu trator é uma realização de caráter cem por cento nacional, feito no Brasil, com materiais e técnicas do Brasil, e pelo Brasil".


- Descrição técnica dos tratores fabricados nas décadas de 60 e 70:



PRIMEIRO TRATOR DE ESTEIRA TOTALMENTE HIDROSTATICO FABRICADO NO BRASIL
TRATOR DE ESTEIRA: .................... TMO RHD120
PESO:............................................... 10.000 KILOS
MOTOR............................................ DEUTZ 6 CILINDROS 120 HP REFRIGERADO A AR
ANO DE FABRICAÇÃO..................... 1976
PROJETISTA.................................... OSWALDO OLSEN
CIDADE:........................................... CURITIBA - PR
                                                  


PRIMEIRO TRATOR ARTICULADO 4X4 PROJETADO E FABRICADO NO BRASIL
TRATOR DE PNEU:  ........................ TMO FORMIGA
PESO:............................................... 8.000 KILOS
MOTOR............................................. PERKINS 6 CILINDROS 120 HP OU TMO 6 CILINDROS 2 TEMPOS 140 CV
ANO DE FABRICAÇÃO..................... 1969
PROJETISTA:................................... OSWALDO OLSEN
CIDADE:........................................... CAÇADOR - SC



PRIMEIRO TRATOR FABRICADO E PROJETADO NO BRASIL
TRATOR DE ESTEIRA...................  TMO CAÇADOR  (FOTO PRETO E BRANCA)
PESO:.............................................. 7.000 KILOS
MOTOR........................................... ALFA ROMEO 4 CILINDROS 70 CV
ANO DE FABRICAÇÃO.................... 1964
PROJETISTA................................... OSWALDO OLSEN
CIDADE:........................................... CAÇADOR - SC

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Fotos Antigas: Desfile de tratores em Guarapuava - PR

- Os mesmos tratores da última postagem também desfilaram todos enfeitados lá na década de 70, mas desta vez na cidade de Guarapuava - PR. A foto abaixo na verdade é um cartão postal já colorido que retrata o desfile pela rua XV de Novembro.

- Puxando a fila um Hanomag R-45 todo enfeitado seguido de outro igual. Logo atrás um Hanomag R-35.  O quarto trator não consegui identificar, mas o quinto no desfile é um Zetor 50 Super.

- A foto retirei da página Guarapuava Histórica, no Facebook.


quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Fotos Antigas: Hanomag desfilando em Entre Rios - PR


- Bela imagem retratando o desfile em uma das colônias de Entre Rios - PR. Na ocasião o Hanomag R-45 puxava a fila seguido de mais dois modelos iguais, todos enfeitados, assim como as colheitadeiras.

- No canto esquerdo da foto ainda apareceu parte de um Deutz. Tanto os Hanomag R-45 como os Deutz foram os dois tratores símbolo da colônia, importados durante a abertura das terras daquela região! Alguns destes tratores existem até hoje, e podem ser vistos anualmente no encontro de tratores da colônia, o Traktor Fest, organizado pelo T.A.E.R. - Tratores Antigos de Entre Rios, de onde retirei esta bela foto!

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Fotos Antigas: Trator a gasogênio em Treze Tílias - SC

- Raríssima imagem de um trator movido a gasogênio trabalhando em uma serraria no município de Treze Tílias - Santa Catarina.

- A marca e modelo do trator não consegui identificar, mas lembra muito um Fordson dos anos 20 um pouco modificado. O mais curioso é o registro de uma máquina dessa movida a gasogênio, com todo esse equipamento para extração e queima do gás e ainda durante seu serviço!

- A foto foi uma dica do leitor do blog Ronald Seitz e veio da página www.tiliasnews.com, de uma reportagem sobre um filme que contará a história da colonização austríaca da região.


terça-feira, 7 de outubro de 2014

Relíquias do Brasil - Parte XXI - FNA Micron

- O Brasil inciou tarde sua mecanização agrícola. Enquanto outros países eram pioneiros na produção de máquinas para a agricultura, o Brasil ainda as importava, sendo o crescimento de nossa agricultura dependente da mecanização estrangeira. Isso fez com que no Brasil possam ser vistos tratores antigos de variadas nacionalidades e marcas. Desde os símbolos americanos como John Deere, Farmall, Case, Ford, até os tratores que marcaram os europeus, como os Lanz Bulldog, Deutz, Hanomag, Ferguson, Fordson, etc.

- Mas dentre essa tratorzada toda que foi importada décadas atrás, existem alguns modelos muito mais raros, cuja importação não deve ter passado de dezenas de unidades, ou menos.

- Uma questão importante de se levar em conta é o fato de alguns desses raros exemplares não terem sidos oficialmente importados por algum representante brasileiro, mas sim, terem entrado no país pela fronteira com Argentina ou Uruguai, ou na maioria das vezes, trazidos "na mala" pelos imigrantes que vieram para o Brasil em busca de um futuro melhor.
 


Relíquias do nosso Brasil – F.N.A. Micron



- Este pequenino trator de esteiras é de procedência italiana. Sua marca é FNA - Fabbrica Nazionale D'armi ou Fábrica Nacional de Armas, e seu modelo é chamado de MICRON. Possui motor de um cilindro a gasolina refrigerado a ar. 

- O modelo da foto abaixo pertence ao museu de tratores Agromen, e tem escrito como nome Brescia, o que está errado. Brescia é a cidade onde este trator era produzido.



quinta-feira, 2 de outubro de 2014

História: A mecanização Agrícola no Brasil - parte II


- O trecho a seguir eu retirei da revista RURALIDADE, nº 12 - Ano 03, de Dezembro de 1972. Ele dá continuidade a postagem sobre a Mecanização Agrícola no Brasil, e também nos dá um resumo e explica o que ocorreu com a produção nacional de tratores no final da década de 1960.

"Artigo sobre mecanização agrícola - OLHAI OS TRATORES DO CAMPO

No sul, uma acusação: as máquinas necessárias ao trigo e a soja tiram o emprego dos lavradores. Em São Paulo, uma afirmação: nunca houve tantos tratores como agora, e já se afirma que "nos próximos 10 anos o Brasil será um centro mundial de produção de tratores". No Norte, uma promessa: a colonização da Amazônia exige tratores.

Segundo os técnicos governamentais, a mecanização da agricultura no Brasil "já existe" e é, destacadamente, a primeira na América Latina, embora ainda seja insignificante em comparação com a dos países mais desenvolvidos. Há euforia entre os fabricantes: até o fim do ano, 30 mil tratores deverão ser vendidos.

Isto representa um contraste em relação ao que acontecia em 1969, quando um boletim da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores expressava desalento, dizendo que as vendas do ano foram muito inferiores às de 64. De lá para cá, no entanto, o Governo partiu para uma série de medidas de apoio ao setor - e começou o boom da mecanização agrícola brasileira.

Nascimento

A indústria de tratores foi criada por um decreto governamental, em dezembro de 1959. No ano seguinte, a Ford do Brasil lançava seus cinco primeiros tratores de quatro rodas, mais num sentido promocional. Em 1961 era a vez da Valmet iniciar sua produção, e em 62 a da Massey Ferguson. Em 1964, a Ford, a Fendt, a Deutz, a Valmet, a Companhia Brasileira de Tratores CBT e a Massey Ferguson produziram 12 mil unidades.

A partir de então, começaram a se sentir os efeitos de uma distorção da política brasileira sobre a mecanização agrícola.

Antes que a indústria fosse implantada, os tratores, é claro, tinham de ser importados, e o Governo Federal dava um forte subsídio, com uma taxa de câmbio favorecida, que numa determinada época chegou a alcançar 50% do valor real. Internamente, ofereciam-se financiamentos com uma taxa de juros de 7%, quando os juros comerciais eram da ordem de 15%. Além disso, o Brasil se aproveitava da economia de escala das fábricas européias e americanas.

Quando se implantou a indústria, todos os subsídios foram cortados, e os tratores tinham os preços prejudicados pela carga tributária. Mesmo assim, as vendas eram consideradas razoáveis, em termos de América Latina, pois a inflação chegara a 84% e o lavrador comprava o trator a uma taxa de juros de 11% ao ano, para ser pago em três anos, o que já equivalia a um alto subsídio.

Depois do movimento de 31 de março de 1964, os dirigentes da economia brasileira se mostraram sensíveis ao argumento, então universal, de que a mecanização agrícola provocava o desemprego no campo. Por isto, os juros de 11% ao ano foram aumentados para 24%, e, com a redução da inflação (65% em 1965, 40% em 66, e 38% em 67), a situação da indústria de tratores se agravou.

Houve um duplo crescimento no preço real, trazendo uma crise para as fábricas - e em 1967 a produção nacional descia para 6 mil unidades, o que era considerado "o fundo do tacho". Das seis empresas existentes no Brasil restaram apenas três: a Valmet, a CBT e a Massey Ferguson."

Fotos Antigas: Hanomag desfilando em Assis-SP


- Hanomag R-35 do "último modelo" desfilando na cidade de Assis-SP e posando junto aos populares. O trator estava enfeitado, e a foto datada de 1960, mostra que o trator, a julgar pelos pneus, pelos detalhes e pelo brilho, devia ser uma aquisição recente do proprietário.

- A foto retirei da página Memória Fotográfica Assisense no Facebook.